

O Alferes Joaquim José da Silva Xavier, nasceu na Fazenda do Pombal, município de São João Del Rei, no ano de 1746, quando governava a Capitania de Minas Gerais, D. João V, de Portugal. O dia e o mês do seu nascimento ainda são incógnitas para os pesquisadores, pois só se tem conhecimento do seu registro de batismo, datado de 12 de novembro do mesmo ano. Filho do português Domingos da Silva dos Santos e da brasileira Antônia da Encarnação Xavier, teve seis irmãos, sendo três homens e três mulheres. Joaquim José, garoto calmo e pacato, tinha um grande interesse pela leitura, cursou apenas o primário, sendo instruído também pelo irmão, Domingos da Silva Xavier, que mais tarde viria a se tornar padre. Aos nove anos de idade fica órfão de mãe e, dois anos após, morre seu pai. Foi morar, então, com o seu padrinho, Sebastião Ferreira Dantas, um cirurgião licenciado. Com este, aprendeu o ofício de arrancar dentes, motivo pelo qual, mais tarde, recebeu o codinome "Tira-dentes". Ainda jovem, tentou a sorte com a mineração e trabalhou como tropeiro, vendendo todo o tipo de mercadoria pelas vilas mais povoadas. Em seguida, com o ingresso no Regimento de Cavalaria Paga, a Companhia dos Dragões de Vila Rica, como Alferes, continuou suas viagens pelos caminhos das Minas, possibilitando o seu contato com várias pessoas importantes e autoridades. Surge aí o interesse pelo Iluminismo, pelas idéias de Thomas Jefferson, que preparava a Independência dos Estados Unidos, e pelos filósofos da Revolução Francesa, que pregavam a Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Homem leal e destemido, juntou-se a um grupo que se formava de proprietários e estudiosos que voltavam de Montpellier, na França, e de Coimbra, em Portugal. Todos revoltados com a ferrenha "cobrança dos quintos", numa época em que a exploração aurífera já se tornava escassa em toda a região. O Alferes levava consigo a meta de que "se nós quiséssemos, poderíamos fazer deste país uma grande nação". A Conjuração Mineira teve adesão e liderança de várias pessoas importantes da sociedade mineira do século XVIII, que pretendiam promover a "derrama", com a qual se daria a vitória do Movimento. Porém, suas idéias não vingaram, em face da traição de Joaquim Silvério dos Reis. A memória do Alferes vem recebendo inúmeras reparações. Porém, 209 anos depois, vemos que a história eleva cada vez mais a figura do mito "Tiradentes", como réu confesso na liderança de um movimento pela liberdade, contra os desmandos da Coroa Portuguesa. Mas a Independência ainda não aconteceu.
Ele, foi morto por enforcamento e depois teve seu corpo esquartejado, salgado e espalhado pelas estradas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. A casa em que morou foi derrubada e a terra salgada para torná-la infértil, para que nem uma planta nascesse naquele local. Motivo, traição. Essa foi à sentença. A rebelião de Vila Rica foi considerada um ato de lesa-majestade, contrária aos interesses da metrópole, e isso era um crime, uma traição, uma conspiração contra o governo da época. Mesmo depois da nossa independência, em 7 de setembro de 1822, o nome do alferes Joaquim José da Silva Xavier não aparece na historiografia oficial da época . Durante o império, Tiradentes tem o seu nome apagado da história do Brasil, foi banido como traidor. O seu “crime”, sonhar com um Brasil livre, independente e republicano, era a sua utopia, mas, para o governo da época, era uma traição. O dia 21 de abril passou a ser feriado nacional, homenagem a um homem que contrariou o regime e as autoridades da época, lutou por seus ideais, transformou-se em um herói nacional. Tiradentes é um herói nacional e não um traidor. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro publicou, em 1992, no ano do bicentenário da morte de Tiradentes, a sentença que o condenou à morte, como também publicou o livro do deputado José Valente intitulado “A defesa, a sentença e o advogado de Tiradentes”. Segundo o Frei Raimundo Penaforte, o réu "corajoso e contrito, morreria cheio de prazer, pois não levava após si, tantos infelizes". O degredo na África para os outros era confortante; enquanto, para o Tiradentes, "... se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria".

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